Curropio é uma cidade de alma antiga e espírito vibrante,
um dos centros mais emblemáticos da cultura e da resistência histórica em
Portuária. Situada na transição entre as colinas ocidentais e os limites da
Floresta Ycaraí, a cidade se moldou ao longo dos séculos como um refúgio para
povos marginalizados, tornando-se um símbolo da fusão entre as influências
indígenas, africanas e europeias. Fundada em 12 de junho de 1689, sua
origem remonta a um entreposto comercial estabelecido pelos colonizadores
portugueses para intermediar o comércio com os povos originários. No entanto,
foi a chegada dos quilombolas fugidos das plantações litorâneas que deu
à cidade sua identidade única, transformando-a em um bastião de resistência e
preservação cultural.
O clima subtropical úmido de transição
molda a paisagem de Curropio, onde o verde das encostas se mistura às ruas de
pedra, e as manhãs frequentemente amanhecem cobertas por um véu de neblina,
dissipando-se lentamente sob o sol quente da tarde. A umidade constante
alimenta uma vegetação exuberante, fazendo com que trepadeiras e flores
silvestres enfeitem varandas e muros antigos, enquanto os bosques próximos
resguardam trilhas ancestrais que conectam comunidades tradicionais à cidade.
Pequenos rios e córregos serpenteiam pelos arredores, servindo de fonte de vida
para os agricultores e artesãos que dependem da terra para manter suas
tradições vivas.
A cidade se ergue como um mosaico
arquitetônico onde casarões coloniais, templos espirituais e mercados
vibrantes se entrelaçam. Em suas praças, monumentos históricos contam a
história de lutas e conquistas, enquanto ruas estreitas e becos ocultos guardam
segredos que atravessam gerações. O coração da cidade pulsa em seus mercados
populares, onde se pode encontrar desde temperos exóticos e ervas
medicinais até amuletos esculpidos à mão e peças de artesanato carregadas de
simbolismo. A música e a dança são elementos essenciais do cotidiano,
manifestando-se em festas e celebrações que atravessam a noite, ao som dos
tambores e cânticos que ecoam pelas ruas de pedra.
A identidade de Curropio está profundamente
enraizada na conexão entre espiritualidade e natureza. Muitos de seus
habitantes praticam rituais ancestrais que misturam influências das religiões
afro-portenhas e indígenas, realizando festivais sazonais em honra aos ciclos
da terra e do mar. Entre as festividades mais importantes, destaca-se o Festival
da Terra e do Espírito, onde cerimônias de agradecimento são realizadas nas
colinas ao redor da cidade, com procissões iluminadas por tochas e oferendas
deixadas em altares de pedra.
A economia da cidade se baseia na agricultura
sustentável, no artesanato e no turismo cultural. Pequenas fazendas nos
arredores cultivam produtos tradicionais como raízes, frutas tropicais e ervas
medicinais, enquanto os artesãos perpetuam técnicas seculares de escultura em
madeira, cerâmica e tecelagem. O turismo cresceu nas últimas décadas, atraindo
visitantes em busca da experiência autêntica de um lugar onde o passado e o
presente se encontram em harmonia. Guias locais conduzem viajantes por trilhas
ocultas da Floresta Ycaraí, narrando histórias sobre os antigos espíritos da
mata e os feitos heroicos dos primeiros moradores de Curropio.
À noite, a cidade adquire uma aura
misteriosa e encantadora. O tilintar dos sinos da igreja mistura-se ao som
dos tambores em rituais noturnos, enquanto as luzes quentes das lanternas
iluminam as varandas das casas antigas. O cheiro da terra molhada, misturado ao
aroma amadeirado das oficinas de artesãos e ao perfume intenso das especiarias
nos mercados, paira no ar, criando uma atmosfera única. O silêncio das colinas
é interrompido apenas pelo murmúrio do vento atravessando os becos e pelas
histórias sussurradas de geração em geração.
Curropio não é apenas um local no mapa de
Portuária. É um território onde memórias, lendas e identidades se entrelaçam,
um testemunho vivo da resistência de um povo que soube preservar suas raízes
sem perder de vista o futuro. Um lugar onde o tempo parece caminhar em um ritmo
próprio, guiado pelos ecos do passado e pelos sonhos de um amanhã sempre
renovado.
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Bandeira de Curropio |
Hino de Curropio
Nas colinas onde o sol primeiro brilha,
Entre pedras que guardam nossa raiz,
Curropio, terra forte e soberana,
Ecoa o canto do povo que resiste e diz:
Somos terra, somos vento, somos chama,
No tambor que faz a noite despertar,
Curropio, tua voz jamais se cala,
Na história que ninguém pode apagar!
Dos quilombos, dos vales e florestas,
Ergue-se o som de luta e tradição,
Cada rua conta histórias ancestrais,
Cada praça guarda o pulso da nação.
Somos terra, somos vento, somos chama,
No tambor que faz a noite despertar,
Curropio, tua voz jamais se cala,
Na história que ninguém pode apagar!
Pela lama dos rios e trilhas ocultas,
Caminhamos sem temer a escuridão,
Nossa luz vem do espírito que brilha,
Na coragem que pulsa em cada irmão.
Nas feiras, nas praças, no tempo que passa,
O sangue dos nossos faz tudo crescer,
Curropio, és força, és alma e és raça,
Jamais esqueceremos teu nome viver!
Somos terra, somos vento, somos chama,
No tambor que faz a noite despertar,
Curropio, tua voz jamais se cala,
Na história que ninguém pode apagar!