No extremo sul de Portuária, entre Desemboque e Cabo
Irapuá, encontra-se Velaria, uma das cidades mais antigas do arquipélago.
Fundada em 1º de Fevereiro de 1614 como um entreposto naval português,
Velaria cresceu ao longo dos séculos até se tornar um dos principais centros
marítimos do país. Sua identidade está profundamente enraizada na cultura naval
e na força dos ventos que impulsionam as embarcações que cruzam seu horizonte.
O clima subtropical úmido domina a
cidade, trazendo chuvas sazonais e uma brisa constante que ameniza o calor dos
verões e acentua o frescor dos invernos. Ao amanhecer, uma névoa costuma pairar
sobre o porto, dissipando-se lentamente conforme o sol revela as velas brancas
que cortam o mar. Esse espetáculo, repetido diariamente, tornou-se uma das
imagens mais icônicas da cidade.
Velaria foi um dos primeiros grandes portos
de Portuária e até hoje mantém sua relevância. Seu porto movimentado,
sempre cheio de barcos pesqueiros, cargueiros e veleiros, é o coração da
economia local, que gira em torno da pesca, da construção naval e do turismo
histórico. A cidade abriga estaleiros onde embarcações ainda são
construídas artesanalmente, mantendo técnicas seculares vivas através das
gerações.
O centro histórico de Velaria é
marcado por ruas estreitas de pedra, ladeadas por casas coloniais de fachadas
coloridas e sacadas de madeira esculpida. Tabernas e mercados de peixe
fervilham de vozes e aromas, enquanto marinheiros contam histórias sobre mares
distantes e mistérios nunca resolvidos. Entre os edifícios preservados,
destaca-se o Museu Naval de Velaria, que exibe antigas embarcações,
mapas e artefatos da época colonial.
Nas formações rochosas que protegem a cidade,
ergue-se a Fortaleza de São Miguel, construída em 1620 para defender
Velaria contra invasores e piratas. Seu perfil imponente, iluminado pelas
tochas ao anoitecer, é um lembrete das batalhas e histórias que moldaram a
cidade.
A sonoridade de Velaria é inconfundível. O estrondo
das ondas contra os rochedos, o rangido das cordas das embarcações
ao vento e o tilintar dos martelos nos estaleiros compõem a trilha
sonora do cotidiano. Nos mercados e tavernas, o burburinho das negociações e
das canções folclóricas se mistura ao chamado das gaivotas que sobrevoam o
porto.
Os aromas da cidade são igualmente marcantes.
O cheiro salgado do mar se mistura ao aroma de peixe fresco que
chega dos barcos ao amanhecer. As ruas carregam o perfume da madeira úmida dos
cais e o leve toque do alcatrão dos estaleiros, enquanto, ao cair da
noite, o vento traz consigo o odor quente de rum e pratos marinheiros
temperados com especiarias.
Misteriosa e repleta de lendas, Velaria
mantém viva a tradição oral dos marinheiros e pescadores. Histórias sobre navios
desaparecidos, luzes inexplicáveis no horizonte e figuras que emergem da
névoa ao amanhecer fazem parte do imaginário local, atraindo não apenas
turistas e historiadores, mas também curiosos em busca do sobrenatural.
A cidade continua a prosperar, equilibrando
seu legado histórico com o dinamismo do comércio marítimo e do turismo. Velaria
é uma prova viva do espírito aventureiro e resiliente dos portenhos, um lugar
onde o passado e o presente navegam juntos sob o mesmo céu, impulsionados pelos
ventos do oceano.
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Bandeira de Velaria |
Hino de Velaria
Sob as velas brancas, ao nascer do dia,
Veleiros dançam na maresia.
Velaria ergue-se sobre as ondas,
Forjada em vento, lenda e bruma fria.
Brisa forte, maresia,
Ecoam histórias de valentia.
Entre rochedos e cais de pedra,
O mar nos chama, o mar nos guia.
Velaria, terra brava,
Onde o oceano canta e lava.
Porto eterno, lar dos ventos,
Guarda os sonhos, leva os tempos.
Nos estaleiros, ferros batem forte,
Mãos moldam barcos que desafiam a sorte.
Gaivotas gritam, sinos tocam,
O sal da vida, o mar nos toca.
Brisa forte, maresia,
Ecoam histórias de valentia.
Entre rochedos e cais de pedra,
O mar nos chama, o mar nos guia.
Velaria, terra brava,
Onde o oceano canta e lava.
Porto eterno, lar dos ventos,
Guarda os sonhos, leva os tempos.
Luz das tochas sobre a fortaleza,
Som dos mastros contra a incerteza.
Se o mar nos leva, se o mar nos traz,
Velaria vive e sempre mais!
Velaria, força e glória,
Em tuas águas, nossa história.
Sob as velas, navegamos,
Pela eternidade, te exaltamos!