Enquanto a mãe afunda no luto e a tia tenta resgatar o que resta da família, algo pútrido se espalha pela casa. O cheiro não pode mais ser ignorado. O que está guardado ali dentro, entre a inocência e a monstruosidade, é capaz de transformar todo o lar em um verdadeiro paraíso vermelho.
(Trecho)
"Lilian voltava da escola sob o escaldante sol do meio-dia, quando se deparou com algo que a encheu de excitação. Como toda criança, tinha uma coleção e acreditava que a sua era a melhor de todas. Os olhinhos da garota brilharam de êxtase, pois ali, estirado no asfalto, estava o mais novo item do seu acervo. Retirou a mochila das costas e meticulosamente recolheu o elemento do asfalto quente, o ajeitou entre seus livros e cadernos, fechou o zíper e seguiu para casa sentindo-se a criança mais feliz de Vila Magnólia."
Disponível no Amazon Kindle e Kindle Unlimited
Resenha feita pelo Mineiro Leitor (Victor Paes)
Lilian é uma garota, aparentemente, comum. Porém, é perceptível que é uma menina muito solitária, até mesmo pelo motivo de que o seu pai e o seu irmão não estão mais com a família. Sua mãe, no papel de adulta, deveria assistir o cotidiano da filha, no entanto ela é tão egoísta por se permitir adentrar em uma tremenda tristeza que não percebe o que há de mais errado com a filha.
A garotinha, assim como muitas outras crianças, possui uma mania de colecionar algo. Só que o que ela coleciona não é algo normal visto pelas pessoas que se dizem normais. Inclusive, quando esse item colecionável é revelado ao público leitor, uma chama de ânsia de vômito se revela no estômago de quem lê.
Esse conto é, sem sombras de dúvidas, um dos melhores que se encontram na revistinha. Para os amantes do estilo terror, é um prato cheinho de sangue pútrido. Nojento! Insano! Bizarro! Como pode uma garotinha agir do modo que age? Simplesmente, não dá para acreditar. E é nesse ponto mais repulsivo que está o ápice da história, além de colocar à tona a questão da violência doméstica e do mazelo abominável que se revela ao virar de cada página.
Não se pode negar que a psique nessa história ultrapassa todos os limites do esdrúxulo humano, fazendo com essa mesma psique fique presa à melancolia sentimental de cada personagem, em especial da mãe de Lilian.
Para finalizar, destaca-se que o conto é primoroso e muito inteligente, o que pode ser analisado mais a fundo, por exemplo, em uma aula de literatura contemporânea em algum curso superior. Por que não fazer uma análise da personagem principal a partir da teoria “A Personagem no Romance” do autor literário Antônio Cândido?
Está aqui uma dica de leitura para quem curte uma bizarrice, assim como eu!
